A Bíblia, principalmente o Antigo Testamento, está cheia de festas. Esta é uma maneira pedagógica criada pelo próprio Deus para nos lembrar do valor da vida e dos Seus feitos na história.
As festas tinham datas e significados, que eram relembrados pelo povo. Todos se reuniam e deixavam suas obrigações, alguns peregrinando durante dias a fim de participar. Para as crianças, especialmente, elas tinham um valor singular: “Comemorem essa festa do Senhor durante sete dias todos os anos. Este é um decreto perpétuo para as suas gerações; comemorem-na no sétimo mês. Morem em tendas durante sete dias; todos os israelitas de nascimento morarão em tendas, para que os descendentes de vocês saibam que EU fiz os israelitas morarem em tendas quando os tirei da terra do Egito. EU sou o Senhor, o Deus de vocês." (Levítico 23.41-43).
Ainda hoje, as festas despertam em nós sentimentos agradáveis, pois rompem nossa rotina e nos fazem dar valor às pessoas. Especialmente durante o tempo de isolamento provocado pela COVID-19, experimentamos a dor de não podermos nos reunir, abraçar e festejar com as pessoas, principalmente familiares.
Porém, facilmente nos perdemos em nossa rotina com todos os seus hábitos, exigências e objetivos e há pouco ou nenhum ponto de parada para nós, porque sempre há muito o que fazer. E não há espaço para Deus em nossa vida ocupada. Muitas vezes, as festas acabam sendo um fim em si mesmas e perdem o sentido que Deus planejou para elas. Por exemplo, a Páscoa é só chocolate e coelho; o Natal é só Papai Noel, presentes e reunião familiar e assim por diante. Perdemos a oportunidade de nos comprometermos com Deus e nos surpreendermos com Ele.
Como resultado, as perguntas existenciais geralmente ficam sem resposta: na verdade, quem sou eu? De onde eu venho e para onde eu vou? Quem, ou o que, me segura, me carrega?
Ao celebrar as festas cristãs, nós não apenas comemoramos alguma coisa, mas celebramos o próprio Deus. Algo maior surge em nossa vida ao celebrarmos a libertação, a redenção e a ajuda de Deus. Somos tirados da rotina diária e direcionados para as perguntas e respostas realmente importantes, vindas de Deus: “Você é valioso. Eu o criei e o amo. Eu coloquei habilidades e potencial em você - você tem um futuro pelo qual vale a pena lutar. Você pode se lembrar do que Eu fiz, faço e sempre farei por você”. Assim, torna-se possível assumir novas posições, estabelecer prioridades, arrepender-se, desfrutar e se maravilhar com as coisas valiosas e inestimáveis em nossas vidas, ou simplesmente reunir motivação e força.
Felizmente, não precisamos reinventar essas celebrações, mas podemos olhar para uma longa tradição. O calendário da igreja nos ajuda nisso. Na primeira metade do ano, a igreja celebra a história de Jesus Cristo. Na segunda metade, são comemoradas as festividades comunitárias, como o Dia de Ação de Graças. Aqueles que observam o ano eclesiástico, experimentam a ousada história de Deus com seu povo: a história da salvação.
Que maravilhoso é podermos celebrar festividades de fé junto com as crianças! Elas são mestras em celebrar (e antecipar) júbilo; são felizes e fáceis de tirar da rotina, algo extraordinariamente especial. Apreciam fazer parte de algo grande e importante.
CELEBRANDO A PÁSCOA
A celebração da ressurreição de Jesus Cristo, a Páscoa, é a mais antiga festa do cristianismo e acontece desde o século II d.C. A Páscoa não é apenas a mais antiga, mas também a mais importante festa do cristianismo. Celebramos a vida e a esperança indestrutível - e isso de três maneiras:
(1) A ressurreição de Jesus como uma vitória sobre a morte e as trevas.
(2) A nova vida que os cristãos recebem em Jesus.
(3) A certeza da esperança da nossa ressurreição para a vida eterna.
A Páscoa é o ponto de partida do cristianismo e sua motivação até os dias atuais.
O domingo de Páscoa, o dia da ressurreição, começou com a celebração da noite de Páscoa. Começando na escuridão e na tristeza, a vela da Páscoa traz a luz da ressurreição se espalhando na igreja. É tangível com todos os sentidos: a morte e a escuridão perdem seu poder na manhã de Páscoa. Jesus Cristo e a vida eterna estão lá, são realidade e, a partir de agora, determinam a vida cotidiana dos cristãos.
O batismo e a ceia do Senhor também tiveram um papel importante na Páscoa: o batismo celebrou a nova vida que os cristãos ganham quando se entregam a Jesus. O sacramento indicava o fim dos tempos, a ressurreição de todos os seguidores de Jesus para a vida eterna. Ao mesmo tempo, mostrou o que os cristãos em todo o mundo têm em comum e podem celebrar juntos. O sermão da Páscoa costumava ser feito para fazer as pessoas rirem - como um contraponto ao momento triste da paixão e uma expressão da alegria da Páscoa.
A Páscoa em nossos tempos é determinada pelos ovos e pelo coelhinho da Páscoa, sem que a maioria das pessoas saiba que esses eram, originalmente, símbolos cristãos. Os ovos permaneceram como um símbolo da vida; a pintura colorida ressalta o valor do símbolo.
O coelho (da Páscoa) é, no antigo simbolismo animal bizantino, uma figura para Cristo - ele dorme com os olhos abertos - e Jesus não adormeceu pela morte. O tempo da Páscoa abrange os 50 dias entre a Páscoa e o Pentecostes.
DICAS PRÁTICAS
• Faça uma ovelha com as crianças. Pode ser em forma de bolo, fantoche ou artesanato (você encontra muitas dicas na internet. Outra opção é comprar uma ovelha de brinquedo). Inicie uma conversa com elas sobre o simbolismo do cordeiro: o cordeiro branco, inocente e puro, representa Jesus Cristo, que se sacrificou pelas pessoas – e ainda, venceu e ressuscitou.
• Confeccionar ou acender uma vela com as crianças, lembrando do significado da ressurreição como a luz que rompe com as trevas/escuridão.
• Construir um jardim de Páscoa em família. Ideias você encontra em:
https://www.dicashomeschooling.com/2014/04/atividade-de-pascoa-mini-jardim-da.html
• Faça um caça ao tesouro de Páscoa com as crianças. Ideias em:
https://criativacao.com/2020/04/05/caca-ao-tesouro-de-pascoa/
http://mamaereal.com/atividade-especial-de-pascoa-divertida-e-simples/#
• De acordo com a tradição da Páscoa - rindo através de um sermão engraçado - pode haver uma noite divertida. As crianças cantam, brincam, contam piadas etc. e há jogos engraçados para expressar a alegria da vida na Páscoa.
Conclusão:
Uma celebração quebra a rotina, torna-se um ponto de partida e dá uma parada na vida diária. Uma vida sem festividades é somente a vida cotidiana. As celebrações são oportunidades de nos reconectarmos com Deus.
Autor: Heiko Metz - Tradução: Monika Haertel - Adaptação: Joseane E. M. Dutra – Revisão Brigitte K. Jung